domingo, 19 de outubro de 2008

DIAS SEM SOL ou NÃO TINHA NADA DEMAIS




Como era pra ser?
O que devo fazer?
Qual a atitude mais sensata a tomar?
Qual a mais plausível escolha devo fazer?
Ai de mim! O que fazer ao ser Romeu?
Que veneno tomar?
Que briga devo travar?
Que amigo devo procurar?
Sei que fui punido.
Qual crime?
Tantos.
Incontáveis enganos.
Um sem número de fracassos.
Qual erro cometi?
Cometi?!
Cometi!
Reconheço.
Fui o frouxo. Um grandessíssimo imbecil.
Caí em todos os contos...
Contos de fadas...
Contos do vigário...
Contos eróticos...
Caí.

Fui um bobo ao enxergar o mundo com olhinhos infantis...
Ai de mim. Um Idiota S/A. Sem nenhuma noção de vida.
Homem?
Que homem fui?
Que homem sou?
Bobo. Ah, tolo garoto! Nunca foste homem de verdade!
Não passas de um menino de barba rala e orelha furada.
Você é um merda. Um bostinha que tem que sofrer...
Rasgue seu peito... Jogue fora seu coração... Essa carne podre que carregas apenas para adiar o inevitável.
Trata logo de desistir. Você não enxerga que seu corpo e sua alma não tem mais nenhum vislumbre de força. Não existem mais resistências. Se entregue aos males desconhecidos.
O que o cigarro te deu?
E o álcool?
Bela maresia aquela!
E o perfume, então? Quais problemas resolveram?
Quais você tem agora?
Qual a solução?
Diazepan? Prozac? Lexotan? Apraz? Rivotril?
E os miligramas? 0,25 ou 2,5 mg?

Incontáveis horas de sono. Demência instantânea. Como se isso resolvesse os problemas.
Fraco. É isso que você é. Fraco.

Seus bracinhos finos, suas canelas secas, sua barriga flácida e sua coluna torta... Reflexo do seu “eu” interior. Uma decrépita figura procurando um epitáfio condizente com sigo própria. É lamentável.
Você me dá pena e nojo. É só o que consigo sentir por você. Você não é digno nem de uma tuberculose. Seria anacrônico demais morrer como um “dos Anjos”, se nem como um demônio mereces morrer. Vil figura. Esse é teu destino. Vagar inerte na contradição da vida. Terrena ou mundana caçando no escuro seus próprios fantasmas como os cegos em um castelo mal-assombrado.

O toque, o sangue, a obsessão, o transtorno obsessivo compulsivo, a síndrome do intestino irritável... Você é doente. Uma pessoa como você não pode ser normal. Por isso está só. Quem ficaria ao lado de uma pessoa que vive na lástima de si própria, num tênue limite entre a auto-piedade e a crise existencial?
Quantos problemas, cara. Quando eles vão acabar? Nunca, talvez. Você sempre ficará doente, alguém sempre sofrerá. Talvez você pague suas dívidas, crie juízo, pare com as viagens psicodélicas dos docinhos e as tarjas pretas indiquem apenas a censura mundana.
Seus grandes amigos Skol e Smirnoff talvez te visitem apenas nas festas, ao invés de serem habitués de sua casa.

O que mais falar?
O estilete sempre está do meu lado. O que me transforma em covarde?
Se eu fosse Jesse James...
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"Oh, coitado foi tão cedo. Deus me livre eu tenho medo."

domingo, 12 de outubro de 2008

TIRANDO AS RODINHAS ou QUEDAS INEVITÁVEIS


A reflexão excessiva vem se tornando o ícone máximo da minha rotina. Porém, as soluções não brotam com tanta freqüência nas minhas galáxias neroniais quanto problemas.
Problemas sempre existiram e sempre existirão na vida de todas as pessoas. Contudo, não precisamos do “Acorda, Menino” de Ana Maria Braga para se tocar que precisamos fazer alguma coisa quando a vida não está muito bem.
Minha hora chegou. Devo admitir meus fracassos e tentar limpar meus machucados, seguindo em frente enquanto vida ainda tenho. Não sei e nem nunca soube trabalhar em equipe, minha arrogância excessiva limitaram toda e qualquer opinião alheia para o desenrolar de acontecimentos que estavam além das minhas capacidades. Devo desculpas a minha mulher, aos meus pais, a minha irmã, meus amigos, meus ex-colegas de trabalhos, meus ex-patrões, meus ex-sócios e meus ex-funcionários. Não tenho como corrigir os meus erros de outrora. Lamento e pagarei por eles. De alguma forma. Meu sofrimento, minhas noites de insônia, os foras e as lições de moral que levo cotidianamente, de alguma forma são maneiras de ser punido. Infelizmente as pessoas que amo e que convivem comigo sofrem ao meu lado. Mais uma vez eu sou punido, sendo responsabilizado pelas dores de quem enxuga as minhas lágrimas e escuta os gritos e urros que disparo insanamente.

A que isso me leva?
À solidão?
À depressão?
Ao suicídio?

Bem... Mais uma vez reflexão. O post que seria originalmente dedicado ao dia 12 de outubro terá que esperar. Os pensamentos noires que por hora escrevo estão clamando para saírem.
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Retornarei ao ano de 1986, tenho cinco anos incompletos, sou o orgulhoso dono de uma Monark Monareta vermelha com duas portentosas rodinhas (igual a da foto, sendo vermelha e com rodinhas), pedalando na supersônica velocidade permitida (pelos meus pais, é óbvio) pela calçada da minha bela Rua Eugênio Luciano de Mello, no Bairro Novo, Olinda – PE. E, como todos os meninos de qualquer bairro, eu tinha, ou melhor, tínhamos um líder, Chico, três anos mais velho que eu. Um herói para todos nós. O organizador das brincadeiras .
Certa vez Chico disse que não andaria na minha bicicleta por ter rodinhas, caso eu as tirasse ele andaria sem problemas. Mas como eu andaria sem rodinhas se eu mal me equilibrava com as mesmas? Um desafio astronômico para qualquer criança como eu. Mas, diferente do que sou hoje, o desafio não me pôs medo. Levei cabisbaixo minha bicicleta para o apartamento em que morava. Lá chegando, encaminhei-me para o quartinho da bagunça e peguei algumas ferramentas do meu pai, e tirei (contra a vontade da minha mãe) as rodinhas da minha bicicleta. Passando por cima da autoridade materna levei minha byke envenenada para baixo. Desafiante, subi no selim da minha virginal companheira. Tentei me equilibrar e o chão virou um amigo próximo. Inúmeros tombos feriram minhas pernas, mas... Por volta das 17h30min, quando a escuridão já se anunciava, a vitória não se fez de rogada e jogou-se em meus braços. Um grito de êxito saiu dos meus secos lábios:

MAINHA!!! MAINHA!!!
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Minha mãe na sacada da varanda, ao me avistar falou:

Meu filho, cuidado. Esse menino é danado.

Pouco tempo depois suas feições mudaram e o orgulho tomou conta do seu rosto. Seu menino danado aprendera sozinho a andar de bicicleta. Na realidade eu não aprendi sozinho. Aprendi com a inquisitória de Chico, com o fato de todos da minha rua já saberem pedalar sem rodinhas (embora mais velhos que eu), com o medo da minha mãe, com as minhas quedas e... Sobretudo... com minha determinação.

Caí! Inúmeras vezes na minha vida eu caí. Nenhuma queda foi fácil de levantar. Mas não as dores da queda e sim a vergonha proporcionada pelos tropeços o que mais incomoda. A maior dificuldade não é a derrota e sim assumir que o sucesso é passageiro. O sucesso foi o maior de todos os adversários que enfrentei. Ele me cegou e os conselhos recebidos ganharam como feedback um gostoso – FODA-SE!
Agora a vida me devolve os ultrajes cometidos por mim com um lindíssimo e sonoro:

- Hey, Teacher. Vai tomar no cu.
Mas não é apenas um “vai tomar no cu”. É um (por favor, perdoem-me pela grosseria pornográfica a seguir)
– Filho de uma puta safada vá tomar no olho do seu cu, caralho!!!

Essa doeu em mim abissalmente. Mas... Consegui ultrapassar dificuldades sem precedentes. Ainda estou vivo e dentro de mim ainda existe um garoto que não se deixará abater pelas dificuldades apresentadas. O problema é que não sei direito em que lugar de mim ele está escondido. Mas ele não me deixará na mão, assim como as pessoas que ao meu lado estão nesse momento em que o selim acolchoado da minha bicicleta não existe mais.

"Quando chega a noite e você pode chorar. Há uma luz no túnel dos desesperados. Há um cais de porto pra quem precisa chegar."

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

1984 ANTES DE ORWELL ou HÁ TEMPOS

Abrirei um parêntese antes de começar a escrever meu post para dedicá-lo aos meus amigos de infância, pessoas que dividiram comigo inocentes conhecimentos, muito antes de eu definir para mim o que vem a ser conhecimentos. Obrigado a todos. Independente de onde estejam. Obrigado Cris, Rita, Lia, Joana, Chico, Renné, Doris, Victor, Júnior, Nicole, Thiago, Ana Laura. Foi muito bom ser criança ao lado de vocês. Um amigo nunca esquece. Várias vezes... OBRIGADO!


Tempos tranquilos... Todos já tivemos tempos tranqüilos. Quando eles acabaram?



Certa vez escrevi pra minha irmã sobre um período distante, nos quais enquadramos nossa inocência. Então, questionei-lhe quando nós perdemos nossa inocência. Questiono agora a todos – Quando perdemos nossa inocência? Realmente você se recorda de quando deixou de ser uma simples e mais infantil criança e se tornou quem você é hoje? Vou além, você sabe quem realmente você é?
Questões são suscitadas quando prestamos atenção em letras de música, em mensagens de livros, em histórias de filmes, etc. No premiado Crash, nos é questionado até que ponto nos conhecemos de verdade, em Dogma é levantada a máxima de que “se não fizerem um filme a respeito você nunca vai parar pra pensar nisso”.


Até que ponto você se conhece? Que paradigma é seu patrão? Nenhum? Realmente você não tem preconceitos? É. Acho que você precisa rever seus conceitos a seu próprio respeito meu amigo Dalai Lama.
Quando assisti “Ensaio sobre a cegueira” baseado na obra homônima de José Saramago, e, como um bom Saramago, é apresentado um universo de realidades fictícias onde o ser - humano é colocado no limite de suas emoções, levei mais um tapa na cara. Somos assim? Pasmem! Somos. Aprisionamos quem intimamente somos dentro de máscaras hipócritas para não chocar nossa perfeita sociedade.



Fé, lei e rei.



Temos isso?



Você teme a Deus ou outra autoridade que pode te jogar numa cela imunda, condenando-te a anos de reclusão sem a felicidade proporcionada pelas compras no supermercado ou num sofisticado Shopping Center?
Quem cerceia quem você realmente é?
Prudência mundana?
A moral e os bons costumes?
A etiqueta?
A educação?
A ética?
O medo?
Tememos ou amamos aquilo que desconhecemos.
Não faça isso ou o bicho-papão vai te pegar!
Você acredita nisso? No bicho-papão? E nos quilinhos que te incomoda ao vestir aquela linda calça da Colcci? Ah! Gisele! Quem me dera ser Gisele.
Ok! Seu corpo está perfeito. Sua conta também? Quantos zeros a direita tem seu extrato bancário? Ah! Você é rico? Desculpa é que nunca pensei em conhecer J.K. pessoalmente. Aproveito para dizer que eu nunca li Harry Potter, mas assisti todos os filmes... Né que eu gostei.
Perdão! Pode ser que eu esteja divagando muito. O problema é a inteligência, não é? Caramba! Ainda por cima você é inteligente. Então, você acha Paulo Coelho um lixo, estou certo? Escrever daquele jeito... Sem as ironias machadianas... Sem os quinze minutos/página de um James Joyce. Comparação é foda! Eu sei. Mais que ninguém.
Quem é você?
Seu corpo?
Seu dinheiro?
Seus conhecimentos?
Sua cultura?
Sinceramente eu não acredito que você de 5 anos amasse você de 25. O meu eu com certeza me mataria. Bem, ele não mataria. Ele era inocente demais pra fazer isso. Mas... eu merecia.
Quem devolve seu olhar no espelho diariamente?
Você?
Quem é você?
Quem você se tornou ao crescer?

Tem razão. Pensar pra quê?! Afinal... Você não é mais inocente.
Contas a pagar!!!

Bem vindo ao mundo real.



Você pode achar o que eu digo fascista, mista, ciclista... ou anti-socialista. Eu admito você está na pista. Eu sou ista. Eu sou ego. Eu sou ista. Eu sou egoísta.”

terça-feira, 7 de outubro de 2008

ENTRE ELES, EU ou QUEM FOI VLADIMIR MAIAKÓVSKI?




Não sou um expert
Não sou um intelectual
Não sou douto
Não sou erudito
Não sou simplista
Não sou realista
Não sou futurista
Não sou cubista
Não sou Vladimir Maiakóvski
Não sou russo
Não sou grande
Não sou revolucionário
Não sou a revolução

Sou um poeta
Fraco poeta
Poesia ruim
Sem pé
Sem cabeça
Sem princípio
Sem fim
Com princípios
Com finalidades

Vidinha medíocre
Oh! Humanidade
Húmus podre
Poderes podres
Homens podres
Animais na jaula
Cabeça de dinossauro
Solitário
Cérebro sem função
Vidas sem razão
Cursos sem destino
Repetição do tudo
Adoração do nada

Chuva
Rua molhada
Um molho de chave sem porta
Quem se importa?
Chuva
Dos seus olhos escorrem
Sem sentido
Mais um homem que morre
Mais um tiro de grosso calibre
Mais pólvoras em minhas mãos
Mais pó branco em meu nariz
Mas não sei porque
Lágrimas de veneno
Escorre
Nariz da esfinge
Descongestiona com o pó
Responda
Qual o maior desejo?
Qual o maior prazer?
Gozar o que?
Onze minutos
Tudo termina
Culmina ao terminar
Perguntas a responder
Quero calar
Quero dor
Quero dormir
Quero mandar se foder
A delícia de dizer
Qual o sentido?

Mais uma cruz
Mais uma crucis
Quem me via?
Quem vigiava os estigmas da minha mão?
Um tiro na cabeça
Uma masturbação
Não estou só
No banheiro tem os ralos e o cabelo
O ópio de Lourenço
O meu cheiro
O meu crime
O meu castigo
O meu Dostoyévski
Idiota o que sou
Sem glamour
Sem fama
Sem visibilidade

De cabeça pra baixo
Pichações muralistas
Frases desconexas
Imagens de Basquiat
O speedball de sua morte
Vinte e cinco anos de sonho
Vinte e sete anos de morte
Vinte e oito anos de overdose
Vinte anos sem Basquiat

Talento?
Pra que serve o talento?
Pra que serve a inteligência?
Pra que serve o poder?
Pra que serve o dinheiro?
Você vai cair
A Bolsa vai cair
Vai cair
Juízo Final
O preço do caos
O nível mental
Não sobe mais
O preço do horror
Extrapolou
O som
Acabou
A música, a arte, a literatura
Ficou
Carlos por vezes me perguntou
E agora, José?

Raul me diz
Quem foi feliz?
Só o que sei
Entrar pra história é com vocês





"Sem forma revolucionária não há arte revolucionária"




quarta-feira, 1 de outubro de 2008

LAMENTÁVEL, A SURDEZ ou O CORAÇÃO DA MÚSICA


Tambores, timbres, pratos, percussão, pedal, chimbal, eu giro as baquetas nas minhas mãos. Bato suavemente, aceleradamente, dito como a música deve ser tocada.
Ritmos. Eu comando. O mundo está nas minhas mãos. Jazz, Blues, música de negros como o bom e velho Rock and Roll.
SINTA. Seus pêlos começam a se levantar. Braços, pernas, costas, rosto... Arrepiem-se. É a essência. Sinta a bateria. Minhas mãos compassadamente batem as baquetas nos tambores. Minhas pernas trabalham paralelas, ajudando na execução. O vocal é um detalhe. A bateria é o coração de cada música. De Carmina Burana ao Iron Maiden, a bateria dita o pulsar arterial do som.
Não deixem nada pra depois. Viva a bateria. É uma pena escrever. Roteiro sem interpretação. Feche os olhos. Sinta a freneticidade da bateria, a suavidade que contradiz. Imagine. Deixe a música entrar em você. Se sua imaginação não tiver sido fertilizada, lamentos.


Viva o som!!! Viva o trap set!!!


"Agora silêncio. A bela Ofélia, ninfa em tuas orações, recorda-te de meus pecados."