quarta-feira, 30 de novembro de 2011

COMO SEMPRE ELE: O AMOR ou AO VENCEDOR: VENCER DOR


O tempo está acabando. Então, a mente ferve. Leiam o que não leram. É só um conselho antes de começar.

Ela conheceu o sublime.
Aquilo que faz a mão suar gelidamente, enchendo a barriga de borboletas, o coração dar violentas palpitações e a auto-estima dar cambalhotas em camas-elásticas. Sua seca boca exibia sorrisos tolos, seus olhos brilhavam sem motivos e sua cabeça estava sempre em volta no nome do ser querido. Naquele momento ele era seu universo em desencanto.
Nada nem ninguém eram tão especiais quanto ele. Cada instante que eles passaram juntos foi de sublime magia. Independente de quais problemas o mundo fosse portador, nada os atingiria. Aqueles momentos fizeram suas vidas serem inacreditavelmente mágicas.

Nos trinta anos de minha desimportante existência apenas uma mulher foi capaz de se apaixonar por mim. Muito embora eu tivesse penado como um condenado em alcatrazes solitárias. Hoje sou amado. O amor nunca foi um grande amigo, mas... eu não tenho nenhuma importância nesta história.

Minhas elucubrações do post 94 não se limitam a minha vida e a forma de como eu a enxergo. Afinal, muitas vezes o amor alheio é uma mentira desejada pela sua própria vaidade, contentada com mentiras sinceras, raspas e restos.

Voltando...

Se em 2006 essa pessoa não tivesse transformado a minha existência, vocês sequer leriam qualquer que fosse minhas loucas dissertações ou descabidos versos.
Com ela na minha história de vida, literalmente, senti vontade de viver, de ser um ser humano responsável, respeitável, de conhecer o mundo só para apresentá-lo para ela. Acima de tudo queria colocar uma redoma de vidro ao seu redor. Mas, isso é impossível e desnecessário. Infelizmente um dia ela conhecerá a dor, sobretudo a dor que nos impulsiona a vômitos, a desejos de morte, a torrenciais lágrimas, a apatia, o fastio, a insônia e uma profunda depressão. Conheço como poucos essa dor. Excetuando uma, todas as minhas paixões foram em vão.
Eu, sendo dono de um amor incondicional, torço que suas paixões não sejam vãs. Espero que ela não confunda nunca amor com dor de dente. Mas, se confundir, estarei ao seu lado, segurando-lhe a mão e ensinando um pouco sobre os sentidos da vida. E embora ela possa achar que é pra sempre, direi como aquele jovem candango dos anos oitenta, “o pra sempre... sempre acaba”.
Talvez eu cantarole na língua da minha bisa um Passerá, mas como sei que hoje minha musa jamais entenderia, eu arriscaria um ipsis litteris traduzido, algo como...

Passará cedo ou tarde
Esta pequena dor que existe em ti
Que existe em mim, que existe em nós
E nos faz sentir como marinheiros
Em poder do vento e da saudade
A cantar uma canção que não sabes como faz
Mas aquela pequena dor, que seja ódio, ou que seja amor
Passará

Minha lindona, de você ninguém sente ciúme porque todos te amam.
Obrigado pela vida que você me deu.
Eu, nascido do ventre gordinho, tão magro, do meu bebezão que me disse a três dias que amava um menino e que queria namorá-lo por ele ser lindo, ter brincado com ela o dia inteiro e ter tomado sorvete ao seu lado. Nesta hora coloco de lado todo meu ciúme e protecionismo para dizer que o amor seja isso... não sempre... mas... ETERNAMENTE... Belo... Puro... Simples... Sublime.

"Eu te amo você não precisa dizer o mesmo não"

terça-feira, 29 de novembro de 2011

A DOR DA PARTIDA ou MUITO MENOS QUE OSMAN LINS



Hoje, revendo minhas atitudes quando vim embora, reconheço que mudei bastante. Verifico também que estava aflito e que havia um fundo de mágoa ou desespero em minha impaciência.                                                 
Osman Lins – A Partida

Sem dúvidas é incrível a dor de um parto. Colocar os pontos em seus devidos lugares é uma coisa necessária, mas ao mesmo tempo complicada. Contudo, as minhas análises transcendem a pontuação das línguas gramaticais. Muito embora eu seja o tipo de pessoa que nem pingo nos “is” coloca.
Muito em breve estarei me despedindo desse espaço virtual que por muito tempo foi o que me mantinha relaxando e me possibilitando expor meus pensamentos soltos noires mundo a fora. Embora meu blog esteja longe de ter grande visibilidade, tive menos de 5 mil acessos desde 2008, o que é pouquíssimo para a internet, ele foi meu melhor amigo, o amigo mais sincero de toda a minha vida, onde eu podia ser eu, nem que fosse meu eu lírico.
Ora lírico, ora confessional, esse blog foi a concretização de muita coisa. Mas está chegando a hora do adeus.
Quem me conhece pessoalmente ou quem lê meus posts desde o início sabe que sempre tive grande aversão à internet. Mesmo assim tive Orkut, MySpace, Facebook, e hoje não tenho nada. Não foi uma decisão tomada com cautela, simplesmente desisti. Não sou mais nenhum garoto, mas tenho medo de ter agido como menino. Admito a vocês que inúmeras vezes agi dessa forma. Esse tipo de sensação é semelhante à inveja de pessoas mais bonitas ou que realizaram coisas mais produtivas. E convenhamos, sentir inveja e ciúme são coisas mesquinhas e deploráveis demais.
Confesso: não sou um bom ser humano. Já fiz coisas das quais tenho vergonha. Sou um eterno arrogante cansado de quebrar a cara e de pagar a fatura por essa vida medíocre.
Como diz minha mulher: Sem dramas, Rafael. Por que virginiano é tão dramático?”
Vai ver ela está certa. No fundo sou só um dramático.
Sei que minha psiquiatra também será contra a minha decisão, mas só eu podia fazer isso. Como diria meu mestre Raul Seixas – “Eu tenho uma porção de coisas grandes pra conquistar e eu não posso ficar aqui parado”.
Este não será meu último post. Quero encerrar a minha vida de blogueiro no post número 100. Sempre achei esse número muito forte. Este post é o número 93. Logo, tudo está perto do fim.
Em breve dividirei com vocês um pouquinho que existe perdido ainda nessa mente noir, entre pensamentos do passado e do futuro, entre amizades vindouras e as finalizadas sem abraços. Entre dores e amores vou vivendo, assim como vocês. Pois, somos iguais como humanos, mesmo que você seja bem diferente de mim. Até o final deste ano direi adeus a vocês.
Agradeço a esse blog o fato ter reencontrado velhos amigos, me apresentado a amigos que convivem comigo há anos e que não faziam ideia do que eu tinha em mente e acima de tudo aos amigos blogueiros que fiz. Foi bom. Mas no fundo nada é eterno. O problema é que muita gente confunde eternidade com dor de dente. Isso é algo muito forte, dói, mas acaba. Guardarei minhas lágrimas pro último dia.
Valeu negão. Quanto mais conhecemos as pessoas e a si próprio, mais queremos um peixinho dourado.

Adeus também foi feito pra se dizer

domingo, 27 de novembro de 2011

SOB AS ARMADURAS DE JORGE ou ECCE HOMO




Entre fotos escondidas
Cartas amareladas
Mora o cara que matei

Largado entre escombros de sentimentos
Frustrações mal resolvidas
Apenas um cílio denuncia
Eis o homem

Humano, demasiado, humano
Tolo e egoísta super-homem
Com medo das sombras
Criadas pela luz do farol
Guia
Perdido

Desnecessárias conversas
Frases confessionais
De um herege pagão
Um deus morto
Desistiu em canção
De poeta torto
Jesus

Está chegando
Diz o muro
Apenas mais um tijolo
Muro
Das lamentações
Da Berlim sem ações
Sem homem de aço
Apenas muro da esquina
Avistado do espaço
Muralha da China

Entre dois “eus”
Dois mundos
Dores no peito
O homem
Seus defeitos
Barriga fria
Nevralgia
Ecce homo
Limitado, tolo e vaidoso
Lobo
Homem

terça-feira, 8 de novembro de 2011

PLURALIDADE ÚNICA ou MEU SINGULAR PLURALIZADO




Fiel apenas a ti
Meu singular
Tão plural
Acreditando em deus
Deuses
Tendo fé
Fezes
Amores
Amantes
Amigos
Críticos
Desejando extirpar minhas cabeças
Colocá-las em pratos
Baixelas de prata
Meus corpos
Plurais
Meus rins
Intestinos
Pulmões
Corações
Único
Tão duplo
Dois átrios
Dois ventrículos
Suas veias
Seu sangue
Sua circulação
Singular
Tão plural

"Acreditamos na distância entre nós"

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

PARA FRASEAR DRUMMOND ou DO FUNDO DO QUINTAL DA ESCOLA


Segunda-feira, dia 31/10/2011, foi o primeiro dia comemorativo dedicado a Carlos Drummond de Andrade. A data lembra o dia de seu nascimento. Eu acabei lembrando o que escrevi dez anos atrás e acho válido postar. Drummond vale tudo.

Como conseguirei parafrasear Drummond?
Nunca conseguirei ser uma sombra do que ele foi.
Talvez eu diga que quando eu nasci um anjo maluco disse:
“Vai, Rafa! Ser gauche na vida”.

É.
É isso que sou.
Gauche.
Um maluco que sonha demais.
Vê vida em coisas inânimas.
Procura o limite do êxtase.
O cume calmo da aventura.
O orgasmo dos deuses.

Seria eu maluco por isso?
Por escrever,
por sonhar,
por ver?

Talvez eu tenha encontrado.
O mundo perdeu.
Não se acredita mais.

Simples verbos.
Infinitivo incrível.
Acreditar,
sonhar,
viver.
Mundo mágico
tão  possível.

É possível?

Deve ser coisa de gauche.

Querer ter um mundo perfeito.
Ser um guerreiro da luz.
Um nobre cavaleiro.
Um poderoso jedi.

Guerreiros da luz não desistem.
Agem com um jedi.
Enfrentam desafios.
Vencem,
mas,
sem perder a ternura,
jamais.

Só um maluco
pensaria assim.
Quem nos dias de hoje
vê o mundo desse jeito?
Entre lamas,
concretos,
fontes dos desejos?

Eu!
Eu vejo.
Sei que é possível.

“É só tomar armas
contra esse mar de calamidades
e pôr-lhes fim”.

Resistir
a todo o mal
assolador  do universo.
Humanidade perdida
“No labirinto dos pensamentos poluídos
pela falta de amor”

A cólera
A ira
Aflige minha mente
Consome meus pensamentos.
Apenas mais
pecados capitais

Sendo um gauche
Tudo escrito parece normal
Para um normal
Sou apenas maluco
Um chapeleiro qualquer

É fácil viver
No País das Maravilhas
Fechar os olhos e imaginar
Você dirá –
Sonhador!
Estará certo
No exato instante

Sou sonhador
Gauche
Chapeleiro maluco
Caixeiro viajante

Guerreiro
Jedi
Cavaleiro

Parafrasear Drummond?
Quem sou eu?
Serviçal das palavras
Das letras
Simples garçom
Sem talento poeta
E agora, Drummond?

"E agora, José? José... para onde?"