terça-feira, 21 de agosto de 2012

IDENTIDADES: DE GARGA A RANZINZA ou CHATICE DE INFERNO ASTRAL


Vou escrever este post como muleta. Quero exorcizar minha raiva, meu ódio, minha dor. Diferente do que costumo fazer, não utilizarei subterfúgios, eus-líricos, porra nenhuma. Quero todos na casa do caralho. E se vocês me conhecem, sabem que não sou assim.

Sou conhecedor de identidades e sei que o homem pode ter inúmeras. Ninguém é, as pessoas estão.
A identidade é um processo de construção e desconstrução, dinâmico, conflituoso, imagético, discursivo, coletivo e individual simultaneamente, indicando os contornos do que viria a ser cada indivíduo ou cada grupo. A identidade não se determina de modo autárquico, sem referência a um antagonismo, ou melhor, face uma figura antagônica, sendo necessária para isso uma negociação, implicando num conflito argumentativo ou até mesmo impositivo.
Sob a égide da identidade se procura encontrar na ascendência comum ou num destino manifesto a orientação que contradiga as tendências desestabilizadoras e a incerteza do presente.
Não obstante, tem horas que “presente de cu é rola”.
Estou no meu inferno astral, de saco cheio, querendo mandar meio mundo se fuder...
Por quê? Porque sim, ora.
Porque tá quente ou frio, porque estou gordo, porque não tenho mais 20 anos, porque não tenho mais certos amigos, porque estou feio, porque minha barriga e minha coluna doem, porque odeio médicos, jornalistas, políticos, religiosos, porque hoje sou mais Ranzinza que Gargamel.

Caralho, Rafael, onde estão os versos que decantas?

Às vezes os versos se vão com as luzes do dia.
Às vezes amores se vão quando se acaba o calor.
Às vezes amigos se vão quando chega à dor.

Por quê?

Porque tudo é vão.
Meus versos, meus eus, meus porquês... Tudo vão.
Inútil e seco.

Como diria Caetano, “hoje não tem Fernando Pessoa”.
Sem poesias, sem gatos, sem sorrisos.

Hoje estou o O, um zero. Zero a esquerda. E como Zeroquatro...

Vou mandar se fuder simplesmente

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

ENTRE A INVISIBILIDADE E A FRAUDE ou APENAS CONSUMINDO PEDRAS




Que laço invisível é esse que aproxima tanto os leitores de seus escritores?
De certo, os autores muitas vezes se fazem próximos. Contudo, o leitor cria um elo de afetividade ao autor das obras que tão tenazmente devora.
Aos parcos leitores que tenho, meus ilustres pseudo-desconhecidos (pseudo porque me aproximo facilmente deles por comentários e e-mails ), fico grato, e, envaidecido até, com seus contatos.
Lembro quando escrevi um e-mail para o escritor e blogueiro Ismar Tirelli Neto e ele me respondeu. Na ocasião ele falou do ficar “pimpão”, sensação desenvolvida com o contato desses desconhecidos seres que se fazem tão próximos.
Jamais poderei imaginar o que sente uma celebridade. Sendo sincero, fico feliz com isso, haja vista gostar de ficar próximo, de ter contato com quem lê o que com tanta sinceridade escrevo.
Das pessoas que comentam o que escrevo menos de cinco já me enviaram e-mail. Logo, fica difícil saber o que é ser maciçamente lido.
Não sei como me comportaria, pois temo muito a vaidade. Ele é de todos os pecados o mais tentador.
Sou o mais famoso desconhecido onde ando.
Nem meus pais me reconheceriam em determinados eventos. Sobretudo, por eles não lerem nada que escrevo. Longe de ser uma crítica, pois possivelmente seja melhor mesmo não lerem o que escrevo.
De todos os escritores recifenses da minha geração, é provável que eu seja o pior deles. Não fui dos Urros Masculinos, das Vozes Femininas, do Nós Pós, da oficina do Raimundo Carrero, nem publiquei no Interpoética. De todos sou o menos acadêmico, o menos culto, o menos empenhado, o que menos escreve.
Tem horas que me odeio por tanta falta de compromisso de minha parte.
O que faz um escritor escrever é a INQUIETAÇÃO. Sua mente fervilha, clama pra que suas ideias saiam do campo do imaterial para a materialidade palpável das letras, palavras, orações, frases, parágrafos, páginas, livros...
Um escritor só existe quando escreve. Do contrário, ele nada mais é que uma fraude.
E fraudes... conheço muitas.

Inútil... a gente somos... Inútil.”