sexta-feira, 15 de maio de 2015

VERSOS PRO ESTELITA ou CONVOCADO

Não!

Esse blog não vai voltar.

Mas quando estamos numa "guerra" temos que escolher um lado.

Então, para espalhar versos, o "Pensamentos Soltos" foi convocado.


ESTELITA: OCUPAR! RESISTIR!

A frieza de elevadas torres – árvores cinzas
tomar-se-á o lugar da paisagem que inspiraram poetas
Tudo se esvai
no fim do porto
com o fim do cais

Não sem luta!
Como diz o hino de uma nação futurista
Ocupar espaços
Resistir mesmo em pedaços

Não são armazéns de açúcar quem jazem em ruínas
É a memória de um povo
Não há Gambrinus, Chanteclair, Savoy
Nem meu avô de terno cinza nas ruas do Recife cinquentista

Não nego o saudosismo
Que seja doença, então
Quisera ser menino

Sentir o cheiro da pipoca em frente ao São Luiz
Quem sabe caminhar até o Moderno
Bobagem, sonhador!
Nada é eterno!

Crianças deslumbrar-se-ão com o poder do amarelo
O ouro de uma bandeira que não tremula
Pois não há vento – horizonte
Há “quintura”

O sotaque será uma jocosa memória
Como o cão sem plumas de Cabral
Apenas história

O rio e mar substituídos e unificados
Riomar
Nadar?
Comprar!

Por que ser contra o progresso? - perguntas
Matar índios e negros formou a nação
Aculturar sociedades foi a fórmula
Sucesso!

Aterre, aterre, aterre
O Recife se fez assim
O passado
Enterre, enterre, enterre

Veneza é tão Démodé
Querem ver Manhattan através da blindagem fumê
Cimentar os canais para os novos carros passar
Quem sabe até o Capibaribe totalmente aterrar

Dinamitemos outrora a rua da Aurora, as pontes e a Casa da Cultura
Deixaremos de pé apenas o Restaurante Leite
Vestígio de nobreza, história e arquitetura

O caso eu conto como o caso foi
São assombrações de um Recife Velho
Português, holandês, inglês, judaico-cristão
Hoje multicultural – mutilação

No Novo Recife trocamos o azul de Carlos Pena Filho
Pela pena do filho de alguém que não verá o azul
A chuva que caia devagar em Mauro Mota
Sairá numa nota no jornal como temporal

Pergunto o que dizer a Joaquim Cardoso
Talvez eu sussurre: Olhe moço...
“O Recife romântico dos crepúsculos das pontes
E da beleza católica do rio”
Chegou a modernização e... bem... explodiu

É tudo especulação
Vil metal!
Repetição anacrônica...
Nobres!
Burgueses!
Tudo igual!

Como não há mais razão de rimas em poemas
Faça uma meta-poesia
O cinza, o pragmático, a frieza é a moda do dia
Concretemos versos
Façamos poesia concreta
Mas o cais
Deixem em paz!

"Não diga que a vitória está perdida"