quarta-feira, 6 de maio de 2009

A UM MESTRE ou MUITO ALÉM DO SILÊNCIO


Muitas vezes me questiono sobre o meu verdadeiro “eu”, mas no momento não quero falar nada ontológico, metafísico, nem divagar sobre a crise existencial.
Devido a atitudes que não valem à pena comentar, farei uma cirurgia em minha mão direita, logo, estou escrevendo “maneta” e de teimoso. Contudo, não faço idéia de como seria a minha vida sem papel e caneta (Bem, sei que tem várias formas de escrever e tal, mas... vocês me entenderam).
Freqüentemente (Sai daí trema, você não existe mais) encontro velhos conhecidos nesse imenso mundo de 10 acres e logo a mágica pergunta vem à boca:
- E aí? O que estás fazendo?


Putz grila! Sai dessa agora, Rafael!


Bem, dependendo de como vão me interpretar e do meu humor no momento, me acharão mais um loser do universo... Como no meu já falado ditado iídiche favorito: “O homem é o que é; não o que foi”.

Então... Já fui inúmeras coisas. Fui pesquisador do CNPq durante grande parte da minha graduação do curso de História na UFPE; banquei o arqueólogo participando de algumas escavações (velhos tempos; dias não tão belos); dediquei dois anos de minha vida no Tribunal de Justiça de Pernambuco; fui professor de História, Filosofia e Sociologia em diferentes instituições, entre elas o Colégio de Aplicação; fui consultor de História numa empresa de softwares educacionais de médio porte; fiz uma penca de cursos e palestras e por aí vai.
Entretanto, algo dominou minhas emoções – A VAIDADE.
Eu era apenas um nerd (não careta) de amigos inteligentes, cultos, buscando alguma coisa. Trabalhava e estudava razoavelmente, mas dinheiro passava bem longe. Sabemos que educação no Brasil é... Deixa pra lá.
Em conversa com um amigo resolvi ser empreendedor. O sucesso e o dinheiro vieram... e a derrocada e o fracasso vieram mais rápido ainda. Perdi ABSOLUTAMENTE tudo, inclusive o que não tinha. A vaidade e a imaturidade me destruíram.


Agora assumo, aos trancos e barrancos, que sou um escritorzinho barato (Interpretem como quiserem. Como diria um personagem meu: Apenas 50% do que vocês leem é o que realmente penso. Os outros 50% é a sua interpretação).
Neste mês de maio três escritos meus estão saindo em livro (livros diferentes, só pra constar). Uma crônica, um conto e uma poesia. Ou seja, não sou tão ruim. Contudo, espero ter aprendido o que a vaidade já me proporcionou e mesmo que um dia eu consiga alguma coisa e ser alguém na vida, eu não deixe nada me subir à cabeça.
Embora eu tenha consciência que odeio sintetizar as coisas e que meus textos parecem discursos castristas [Sou historiador, fazer o que? (Já existe essa profissão?)], todas as palavras são necessárias. (Por favor, Nilson, não reclama.)

Li, não lembro onde (É pedir demais. Minha memória é boa, mas tem limites), que o homem desenvolve grande parte de sua personalidade até os sete anos de idade. Tenho uma personalidade forte e devo muito à herança genética familiar. Contudo, queria dizer a um homem (ou a uma família) que admiro de longe, que aprendi muito com ele quando estávamos pertos. Um ex-vizinho de dez anos de rua. Uma grande pessoa.

Lembro de seu sotaque, de sua barba, de seu cigarro, de seus amigos, de sua visão política, de sua religião, de sua cerveja, de seu baralho. Enfim, tem coisas que nunca esquecemos. Tempos atrás esbarrei nesse homem próximo ao Banco Real de Bairro Novo, em Olinda, olhei em seus olhos azuis (se minha recordação não estiver me traindo), ele me devolveu o olhar e continuou caminhando. Sinceramente fiquei surpreso ao vê-lo. Ele estava mais velho, sem sua barba, parecido e diferente ao mesmo tempo. Surpreendi-me inclusive com sua altura. Para um garoto de cinco anos qualquer adulto é enorme. Mas para um adulto de 1,84m... nem tanto. Porém, ele continua sendo enorme para mim. O vi na TV algumas vezes (Como diria a minha mulher – todo mundo que eu conheço é famoso) e sempre fico feliz ao vê-lo. Ele é um grande jornalista e bem mais que isso. Pai de quatro filhos tem no primogênito um colega de profissão, um jornalista bem conhecido na área. (Sobre o filho) O jornalista Tiago Medeiros (seu colega de trabalho) uma vez o descreveu como um baixinho semi-careca arretado com o mundo. Hoje é professor de uma faculdade no Recife e produtor na maior emissora de TV do nordeste. Tira ótimas fotos também.
Tanto o pai quanto o filho talvez não se recordem claramente de mim. Não tem importância. Jamais os exclui de minha memória. O nacionalmente famoso Ivan Lessa diz que “a cada quinze anos esquecemos os últimos quinze”, eu (perto dos 30) faço questão de sempre recordar dos meus quinze iniciais.


Em Pernambuco existe um idealista que busca preservar a sua memória. A vital memória para a construção da história e de sua identidade. Basta você entrar no http://pe-az.com.br/ que saberá do que estou falando.


Não sou muita coisa, mas sei que devo parte de quem sou a família “Veras” – Lumi (Só para constar tem a mesma profissão que minha irmã), Rita, Lia, Joana (Olá linda colega!), o inexorável Chico Feitosa (Nome de um gênio da música brasileira) e o GRANDE... MARCOS CIRANO.

Não sou jornalista, não sou historiador ativo, sou apenas um escritorzinho barato. Mas já sei o que quero ser quando eu crescer. Quero ser MARCOS CIRANO.


Abraços fraternos e beijos a todos.


Sou eu que vou seguir você do primeiro rabisco até o beabá

Um comentário:

Unknown disse...

É sempre bom saber que somos importantes na vida de outras pessoas. Fiquei feliz ao ler o seu texto e tenho certeza que meu pai também ficará. Depois mostrarei a ele (não mostro agora porque ele está viajando).
Um beijo grande pra você, moço.
=)