segunda-feira, 7 de junho de 2010

ENTRE OS PECADOS E OS PENSAMENTOS ou À ESPERA DO ECLIPSE

No meu aniversário de 2008, ganhei da minha prima Ju um livro de auto-ajuda chamado “Não leve a vida tão a sério” de Hugh Prather.
Na sua sinopse é dito que “A vida não precisa ser tão complicada quanto insistimos em torná-la. A simples decisão de não se agarrar aos problemas pode melhorar - e muito - nossas vidas. É isso o que Hugh Prather nos mostra, com humor e clareza, neste livro. Ele escreve sobre as dificuldades do dia-a-dia e nos dá ferramentas para contorná-las, mudando o que há de mais importante na vida: nossa atitude mental e a forma de reagir aos inevitáveis contratempos. Seus ensinamentos são baseados em histórias reais que nos deixam com a sensação de já ter passado por aquela situação ou testemunhado algo parecido. Você aprenderá soluções práticas para dar um basta às preocupações e ao medo, e se libertar de tudo aquilo que impede sua felicidade”.
Na época Ju era minha assistente na empresa-dor-de-cabeça-causadora-de-danos-psicológicos-punk-rock-hardcore que eu possuía. Ju presenciou meu desespero recorrente inúmeras vezes, decidindo, então, que não havia presente melhor para meus 27 anos. Embora eu abomine esse tipo de literatura. Sua preocupação comigo foi louvável, sempre fomos mais de perturbar um com o outro do que nos preocuparmos. Nossa relação ficou mais estreita desse tempo pra frente. Entretanto, passado quase dois  anos desse aniversário, posso afirmar categoricamente que não levo absolutamente nada a sério há bastante tempo. Talvez desde a época da minha adolescência, quando estudar não era tão importante pra mim. Levei minha graduação “nas coxas”, não trabalhei até 3 meses antes do meu casamento, passei a gastar mais do que ganhava, tive épocas que bebia mais álcool que água, negligenciei amigos e familiares, logo, todos que amo, meus pais, minha mulher, meus avós, minha irmã, e, sobretudo, a mim mesmo. Passei a comer bastantes porcarias, parei de praticar exercícios, engordei como uma solteirona de meia-idade, bem como deixei de acreditar nos meus ideais e nos meus sonhos.
Sempre fui de ter grandes ideias, mas de pouquíssimas atitudes. Minha mulher e meus amigos acreditam muito mais em mim que eu mesmo. Passei por momentos que apenas assistia seriados americanos e outros que só jogava Paciência no computador, não tendo uma única fonte de renda qualquer. Era o auge da depressão. Essa maldita doença da sociedade pós-moderna. Talvez nada que eu escreva faça meus parcos leitores entender o que quero dizer. Então, farei uso de uma frase nada ortodoxa. Puta-que-pariu é foda. Perdoem-me pela grosseria. Mas estou muito puto comigo mesmo. Fico assim sempre que reflito sobre os rumos que dei para a minha vida. Tantas palavras ficam sem serem ditas por simples preguiça ou descaso, tantos livros pra ler, tantos filmes para assistir, tantas músicas pra ouvir, tantos lugares e pessoas para conhecer, tantas coisas que eu podia consertar, tantas vidas que eu podia melhorar, sobretudo, mais uma vez, a minha.
Estou eternamente envolto pelos sete pecados capitais do cristianismo, segundo São Tomás de AquinoVaidade, Inveja, Ira, Preguiça, Avareza, Gula e Luxúria. É isso, fui vaidoso e arrogante muitas vezes, desejei e ainda desejo ter a coragem e a dedicação de pessoas que admiro, explodi de raiva e magoei muita gente, não apresento disposição sequer pra levantar da cama, fui mais egoísta que qualquer outro virginiano, comi como se fosse morrer no dia seguinte e me dediquei ao meu próprio bem estar. É mais ou menos assim que analiso a situação. Com 2% para mais ou para menos. Mas como sempre, no fundo, no fundo, desejo mudar, pois do fundo do poço não posso passar. Tudo ficará mais claro no esperado dia do eclipse.

Desorganizando posso me organizar

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