Wake-up! Wake-up!
Talvez seja o momento certo de abrir os olhos. Esses olhos
vermelhos que a fumaça do baseado começa a incomodar.
A sede bateu e como um bom inglês pego minha xícara de chá.
Cogumelos azuis!
Bastante frescos!
Nesse momento olho pros meus dedos já queimados e por horas
passo a questionar a realidade, ou talvez a real idade da minha alma.
Não sei se me encaro no espelho.
Tudo está escuro. Logo, não vejo nada. Mas mesmo assim tenho
a impressão que gnomos e duendes conversam comigo.
Talvez seja apenas alucinação.
Mas o que não é alucinação?
Lucy, talvez.
Lucy in the sky with diamonds, pois os diamantes são eternos
e são os melhores amigos das mulheres.
Estes seres que dominam o universo e transformam os homens
em apenas garotos bobos querendo compreender as analogias dos teoremas
pitagóricos.
Axiomas estúpidos e malditos cromossomos.
Enquanto o líquido vermelho e viscoso percorre todas as
partes do meu corpo, jogo um líquido verde em minha boca.
Uma simples Heineken, talvez.
Sem dúvida isso não é real.
Como Lola, corri tanto atrás do coelho que não sei se estou
na Ilha de Páscoa, no País das Maravilhas, em Nárnia ou na Terra Média, ou
mesmo pode ser que Harry Potter tenha alterado minha cerveja amanteigada.
Bruxo filho da puta!
Falei pra ele que cicatriz não dói. Mas ele teima que as
lembranças ardem mais que o esquecimento.
Por que não o Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças?
São os diamantes.
Eternos!
E Lucy continua com eles. No céu, por milhares de anos.
O passado que não passa.
Quero o meu Delorien com o capacitor de fluxo no limite.
Quem sabe assim eu sobrevivo ao tempo, enquanto Lucy in the
sky, ou seria Vanilla Sky.
Open your
eyes, Dave. Open your eyes.
Pra que eu deveria abrir os olhos?
O que tenho pra ver?
Verdade!
Verdade nua e crua!
Aquela que dói.
Tô fora!
Desce mais uma dose!
Quero esquecer meu nome ou, quem sabe, gravá-lo numa árvore
centenária. Melhor, pichá-lo no muro de um Palácio da Justiça.
Togados idiotas!
Cagam como todos nós.
Fodem suas secretárias nas mesas em que condenam as vítimas
de uma sociedade decadente.
Por décadas e décadas, onde antes um Grande Hotel, virou um
antro sodômico.
Egoístas arrogantes.
Talvez não enxerguem o próprio pau e desenhem no banheiro de
lugares públicos caralhos e bucetas.
Estes, jamais condenados. Depois saem e tomam um drink no
inferno, saudosistas dos áureos tempos em que o Chanteclair os acolhia depois
que saiam do Restaurante Leite.
Das putas da Rua da Guia às misses de Pernambuco.
Sobrenomes fortes!
Hipocrisia do caralho!
Enquanto eles, Big Brother, eu George Orwell.
Todos iguais. Mas uns mais iguais que os outros.
Seria essa a Beleza Americana ou o jeito americano de viver
que a Reader’s Digest nos tentou ensinar desde os ternos momentos que a palavra
“comunista” era mais escatológica do que “motherfucker” tão comum dos filmes
tarantinescos?
Talvez!
De certo, esse é o nosso velho e admirável mundo novo.
Já é tarde.
Sendo assim, boa noite e boa sorte!
"Close your eyes and give me your hands."
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