Em
qual ano devo pontuar o meu interesse lascivo e latente pelas Letras, pela
Poesia, pela Literatura?
Se
eu escolher o ano de 1987, estaria colocando como marco histórico da minha vida
a primeira poesia que produzi. Ela era bastante bobinha, mas, convenhamos, eu
tinha apenas seis anos de idade. Muito embora eu possuísse um português
exemplar de primeiro aluno da classe.
É
possível que em toda a minha vida essa seja a única poesia que jamais esqueci.
Pois, embora eu tenha sido amaldiçoado com uma memória espantosa, não consigo
decorar absolutamente nada.
Paradoxo?
Não
mesmo.
Talvez
1987 não seja o ano chave para esse mergulho nas profundezas abissais (Ah!
Pleonasmo!) do mundo dos significados fornecidos por caracteres similares.
Dez
anos depois, eu, um estudante do Ensino Médio de um colégio focado no índice de
aprovação no vestibular, fiz um teste vocacional e o curso que me foi sugerido
foi Letras.
O que???
Letras???
Nem fodendo que faço
Letras.
Amo História, mas todos
esperam Direito... Farei Direito!
Garoto
idiota!!!
Pois
bem, fiz Direito e desisti após não obter o êxito que outras pessoas queriam
para mim.
Amava
História.
Estudei
História.
Curso
que me proporcionou conhecer as pessoas mais importantes da minha vida que não
possuem o mesmo sobrenome que eu.
Formei-me
Historiador (Já existe essa profissão?)... É melhor dizer que virei professor
de História (Essa profissão eu sei que existe).
Avanço
no tempo, após passar por inúmeras coisas na minha vida pessoal, chegando ao
ano de 2009.
Em
2009, voltei a me interessar pelos estudos acadêmicos, inclusive indo a eventos
literários. Nestes eventos conheci pessoas admiráveis como Cristhiano Aguiar, um jovem pesquisador, escritor em ascensão e que
demonstrava o amor pela literatura. Cris também trabalhava no GOLE - Gerência Operacional de
Literatura e Editoração da Fundação de Cultura da Cidade do Recife.
O
GOLE organizava o Festival Recifense de Literatura – A Letra e a Voz. Neste festival tive a oportunidade de participar
da Oficina de Literatura de Raimundo
Carrero, onde conheci além do próprio escritor, jovens talentos, amantes
das letras como a hoje poeta Luna
Vitrolira, campeã da I Peleja do Festival
Internacional de Poesia do Recife, organizado pelo escritor e Coordenador
de Literatura da Fundarpe, Wellington de
Mello. Em 2009, Luna era apenas Gabi, uma menina de 16 anos com grande
sensibilidade e talento.
Eu
já escrevia muito naquele ano, chegando inclusive a ser publicado pela primeira
vez em antologias – uma poesia, uma crônica e um conto. Mas eu não era
absolutamente ninguém perto daqueles que admirava.
Recife
era uma cidade efervescente com grupos literários como o Urros Masculinos e o Vozes
Femininas, só para citar dois que me veem na cabeça de imediato.
A
Fliporto – Festa Literária Internacional
de Pernambuco, que na época era realizada em Porto de Galinhas, bem como a Freeporto, que era um contraponto
organizado por Wellington, demonstravam o quanto existia público produtor e
consumidor para a arte das letras. Além da Bienal
Internacional do Livro que ocorrera naquele ano.
Aquilo
tudo me fascinava. O desejo de criar e de estudar foi aguçado a tal ponto que
me rendi. Contudo, por motivos pessoais não obtive êxito na minha seleção de
mestrado daquele ano. Desencanei por mais alguns, deixando em stand-by aquilo
que me movia.
Dois
anos mais tarde iniciei uma especialização em Cultura Pernambucana e, finalmente, o Mestrado em Teoria da Literatura.
Hoje,
26 de maio de 2014, “sou” Mestre em Teoria da Literatura pela UFPE, além de
Especialista em Cultura Pernambucana e Historiador. Bem como possuo mais
algumas publicações desta arte tão antiga que é capaz de mudar mentes e a forma
de apreender o mundo.
Talvez,
hoje eu já seja um exemplo para algumas pessoas. Mas ainda engatinho na
literatura, o caminho de tijolos amarelos que sempre esteve a minha frente
esperando para ser trilhado.
“O que será, que será / Que andam suspirando
pelas alcovas / Que andam sussurrando em versos e trovas”
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