Não!
Nunca aos domingos!
Mesmo quando chove e o corpo pede cama!
Mesmo quando o sol chama para dourar nossa pele!
Mesmo nos domingos de futebol!
Mesmo quando seu time ganha um título!
Mesmo quando seu time é tri-vice-campeão!
Mesmo quando amor e jogo duelam em um embate
mortal!
Não!
Nunca aos domingos!
O que se passa na cabeça de uma pessoa inquieta?
Quais seus maiores medos?
O passado que não consegue nunca ser apagado?
O futuro inexistente e sempre incógnito?
Qual o seu maior desejo?
O esquecimento?
Lanço-me ao desconhecido e Werther me escreve
minhas próprias angústias:
Eu quero,
dileto amigo, eu te prometo que quero corrigir-me, nunca mais haverei de, como
sempre fiz, beber até a última gota os males que o destino nos reserva. Quero gozar
o presente e o passado será passado para mim. É claro, caríssimo, que tu tens
razão. As dores dos homens seriam menos agudas se eles não... Deus sabe por que
eles são feitos assim! Se ocupar com tanta assiduidade de fantasia, chamar a
lembrança dos males passados, ao invés de tornar o presente suportável.
E é assim que me entorpeço de bebidas destiladas ou
repletas de leveduras e cevadas, ou mesmo, algum alucinógeno que me leve a trilhar
por tijolos amarelos atrás de desejos encantados. E de fato fazemo-nos do
presente um regalo fascinante. Não obstante, e se num certo sábado, 16 de julho,
nos vir à constatação tão tentadora.
Oh, como o
sangue corre quente em minhas veias quando os meus dedos tocam os dela por
acaso, quando os nossos pés se encontram debaixo da mesa! Puxo-os de volta como
se tivesse tocado fogo, mas uma força secreta os atrai de novo... E meus
sentidos se turvam tanto!
[...] Não sei
jamais o que se passa comigo quando estou a seu lado; parece que a minha alma
se revolve em todos os meus nervos.
Dois dias depois, uma segunda, 18 de julho, uma
dúvida passa a incomodar de forma latente:
O que é o
mundo para o nosso coração sem amor? O mesmo que uma lanterna mágica sem luz!
Mal colocas dentro dela a lamparina e já se projetam imagens de coloridas na
parede branca! E mesmo que todas não sejam mais do que efêmeros fantasmas, elas
nos fazem felizes enquanto permanecemos ali, acordados, e como crianças nos
extasiamos com suas aspirações maravilhosas.
Sorte 18 de julho ser segunda, pois, amor aos
domingos é complexo, me falaria Werther.
Não!
Nunca aos domingos!
Talvez um beijo roubado na cozinha antes do
café-da-manhã.
Um beijo rápido, acelerando batimentos cardíacos e
nos fazendo suspirar.
É o máximo pra um domingo.
Olhar em seus olhos tímidos e sensuais a espera do
porvir. E o porvir é um beijo, rápido, apaixonado, no qual as línguas se
encontram a espera de compassar-se magicamente.
Não!
Nunca aos domingos!
“Domingo
eu quero ver o domingo acabar”
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