domingo, 12 de maio de 2013

NUNCA AOS DOMINGOS ou ROUBANDO WERTHER





Não!
Nunca aos domingos!
Mesmo quando chove e o corpo pede cama!
Mesmo quando o sol chama para dourar nossa pele!
Mesmo nos domingos de futebol!
Mesmo quando seu time ganha um título!
Mesmo quando seu time é tri-vice-campeão!
Mesmo quando amor e jogo duelam em um embate mortal!

Não!
Nunca aos domingos!

O que se passa na cabeça de uma pessoa inquieta?
Quais seus maiores medos?
O passado que não consegue nunca ser apagado?
O futuro inexistente e sempre incógnito?
Qual o seu maior desejo?
O esquecimento?

Lanço-me ao desconhecido e Werther me escreve minhas próprias angústias:

Eu quero, dileto amigo, eu te prometo que quero corrigir-me, nunca mais haverei de, como sempre fiz, beber até a última gota os males que o destino nos reserva. Quero gozar o presente e o passado será passado para mim. É claro, caríssimo, que tu tens razão. As dores dos homens seriam menos agudas se eles não... Deus sabe por que eles são feitos assim! Se ocupar com tanta assiduidade de fantasia, chamar a lembrança dos males passados, ao invés de tornar o presente suportável.

E é assim que me entorpeço de bebidas destiladas ou repletas de leveduras e cevadas, ou mesmo, algum alucinógeno que me leve a trilhar por tijolos amarelos atrás de desejos encantados. E de fato fazemo-nos do presente um regalo fascinante. Não obstante, e se num certo sábado, 16 de julho, nos vir à constatação tão tentadora.

Oh, como o sangue corre quente em minhas veias quando os meus dedos tocam os dela por acaso, quando os nossos pés se encontram debaixo da mesa! Puxo-os de volta como se tivesse tocado fogo, mas uma força secreta os atrai de novo... E meus sentidos se turvam tanto!
[...] Não sei jamais o que se passa comigo quando estou a seu lado; parece que a minha alma se revolve em todos os meus nervos.

Dois dias depois, uma segunda, 18 de julho, uma dúvida passa a incomodar de forma latente:

O que é o mundo para o nosso coração sem amor? O mesmo que uma lanterna mágica sem luz! Mal colocas dentro dela a lamparina e já se projetam imagens de coloridas na parede branca! E mesmo que todas não sejam mais do que efêmeros fantasmas, elas nos fazem felizes enquanto permanecemos ali, acordados, e como crianças nos extasiamos com suas aspirações maravilhosas.

Sorte 18 de julho ser segunda, pois, amor aos domingos é complexo, me falaria Werther.

Não!
Nunca aos domingos!

Talvez um beijo roubado na cozinha antes do café-da-manhã.
Um beijo rápido, acelerando batimentos cardíacos e nos fazendo suspirar.

É o máximo pra um domingo.

Olhar em seus olhos tímidos e sensuais a espera do porvir. E o porvir é um beijo, rápido, apaixonado, no qual as línguas se encontram a espera de compassar-se magicamente.

Não!
Nunca aos domingos!

Domingo eu quero ver o domingo acabar”

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