segunda-feira, 6 de maio de 2013

O PRAZER DA DOR ou DIÁLOGOS DO FIM



Os olhos que outrora via azul
Passou ao cinza
A luz que iluminava o caminho
Enfraqueceu

Numa auto-sabotagem eterna
A depressão alavanca a dor
O simples torna-se impossível
A vida diminui sentidos

O tempo tão escasso
Escapa em areias
O sangue esfria
Correndo em mortas veias

Tudo muda
Entre escolhas implausíveis
Errado e certo se confundem
O caos domina

Em seu casulo
A larva encolhe-se
Confortável zona
Amedronta ser mariposa

O mundo amplifica-se
Em decisões adiadas, evitadas

Bebe-se o mel
Acostuma-se papilas ao doce
Amarga vida
Molha-se o sorriso
Salgadas lágrimas

A enfermidade lateja
Quem me beija?

Não há romance
Capa, espada
Donzela em perigo
Herói ou bandido

Em castelos imaginários
Movediça areia
Árida terra
Quem me odeia?

Ancora-se
Culpam-se destinos
Astros
Sortilégios

O espelho carrasco sentencia
Minha tristeza, minha alegria
Flaubert a infelicidade alerta
Ela é cruel, esperta, vicia

Buscam-se muletas
Perde-se fé
Vira-se crente
Ama a própria dor-de-dente

Teme a idade
Perda da mocidade
Na aurora vê crepúsculo
O belo vira esdrúxulo

Nega-se a ação
Esquece a emoção
Num não sentir
Entrega-se a depressão

"Que prazer mais egoísta"

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