Os olhos que outrora via azul
Passou ao cinza
A luz que iluminava o caminho
Enfraqueceu
Numa auto-sabotagem eterna
A depressão alavanca a dor
O simples torna-se impossível
A vida diminui sentidos
O tempo tão escasso
Escapa em areias
O sangue esfria
Correndo em mortas veias
Tudo muda
Entre escolhas implausíveis
Errado e certo se confundem
O caos domina
Em seu casulo
A larva encolhe-se
Confortável zona
Amedronta ser mariposa
O mundo amplifica-se
Em decisões adiadas, evitadas
Bebe-se o mel
Acostuma-se papilas ao doce
Amarga vida
Molha-se o sorriso
Salgadas lágrimas
A enfermidade lateja
Quem me beija?
Não há romance
Capa, espada
Donzela em perigo
Herói ou bandido
Em castelos imaginários
Movediça areia
Árida terra
Quem me odeia?
Ancora-se
Culpam-se destinos
Astros
Sortilégios
O espelho carrasco sentencia
Minha tristeza, minha alegria
Flaubert a infelicidade alerta
Ela é cruel, esperta, vicia
Buscam-se muletas
Perde-se fé
Vira-se crente
Ama a própria dor-de-dente
Teme a idade
Perda da mocidade
Na aurora vê crepúsculo
O belo vira esdrúxulo
Nega-se a ação
Esquece a emoção
Num não sentir
Entrega-se a depressão
"Que prazer mais egoísta"
Nenhum comentário:
Postar um comentário