O CUPIDO, O CAPETA E CAPITU ou MACHADIANA MORTE

Uma dúvida sempre perturba um coração cansado.
A culpa é da Capitu.
A culpa é do cupido que me fez amar Capitu.

Dúvida infernal
Pra que tanto mal?
O que fiz para sofrer?

Seus olhos brilhantes
Tão culpados
Desvirtuam o mais sério dos homens
Sua boca carnuda, carmim, veludosa, molhada
Sem dúvida
Encontrei a culpada

Oh! Quanta dor
Meu inflamado peito
Copiosamente choro
Não mereces

Ordinária
Não mereces a própria beleza
És culpada da minha tristeza
Plantaste em mim o mal da incerteza

Noites em claro
Nefasto fastio
Pontadas fortes no estômago
Estou cercado
Só
Vazio

Pelos oceanos que vi
Pelo mel que bebi
Mataste-me
Por que sofri?

A insanidade toma-me conta
Converso com as paredes
Drogo-me
Quero matar
Morrer num simples e fatal golpe
Sem pensar

Beleza infernal
Musa cruel
Deusa de todo mal
Eu, tão tolo
Sucumbi
Aos caprichos teu
Ser mais que o amor de Julieta e Romeu

A dúvida me perturba
Consome-me
Foste só minha?
Quantos homens?

Perversidade viver
Dúvida eterna
Sangrarei
Corte no peito, na alma
Morrer

Olhos
Boca
Seios
Coxas
Belos!
Tu tão culpada
Minha morte me leva
Minha própria assassina inquire
Verdadeiramente
Foste tu
Assim
Tão bela e cruel Capitu?

"Pra que esse beijo agora? Por que, meu amor, esse abraço? Se um dia você vai embora sem sofrer os tormentos que passo."