terça-feira, 20 de janeiro de 2009

UM ROMANCE NOIR ou CIGARRO, VODKA E UMA HISTÓRIA DE AMOR

Livremente inspirado numa história real. Trilha sonora de Ravi indicado por Djane Fonseca.


Era uma noite negra e chuvosa quando adentrei no Bigode’s Saloon. Esse foi o ambiente que conheci uma das almas mais noires que supusera um dia conhecer.
Com uma piteira e uma cigarro ordinário que vagarosamente era consumido na mão estava ela. Seu preto cabelo chanell brilhava no único ponto de luz que tinha naquele lugar escuro. Suavemente ela sorvia uma vodka barata, enxugando seus olhos, estes, manchados de preto como uma vagabunda que acabara de chorar após uma cotidiana surra de seu cafetão. Essa não era a história dela. Ela não era uma simples rameira, mas sim uma alma que sofria. Uma gata na chuva implorando por uma almofada quentinha e um pires de leite.
Seu nome era desconhecido, mas todos no lugar a chamavam de Djnane. Era uma habitué das rodas de sinuca, uma viciada. Seu taco era um amuleto da sorte, ele lhe dava poder e respeito. Contudo, também poderia se transformar numa arma de guerra caso um bêbado mais afoito se engraçasse com ela. Algo que não era raro de acontecer, pois Djnane abusava de saias curtas e salto alto, dando margem a olhares inescrupulosos nas pervertidas mentes que freqüentavam o Bigode's. Djnane não ligava para isso, lambia seus lábios carnudos e voluptuosos e dizia: “Eu tô pagando”. De fato Djnane jamais permitia que alguém pagasse alguma coisa para ela. Isso antes de mim.
Eu precisava conhecer os mais obscuros segredos que aquele perdido coração carregava.
Descobri o nome do culpado. Era um mexicano que morava nas Alagoas, um bandido, ladrão de terras e perigoso... Henrique Ravi... Tinha fama de galã e não perdoava nenhuma mocinha nas cidades que passava. Ele era durão, prometera o céu e o mar para a pobre Djnane, mas fugiu sem deixar rastros para outro lado do Velho Chico. Isso a matou por dentro e desde esse dia ela prometeu que nenhum homem jamais repetiria esse roteiro com ela, transformando-se na senhora de seu destino, Nana, como pediu para ser chamada, conheceu os prazeres da carne, do álcool e das noitadas. Vivia sem pudores, não tinha medo de nada e nem devia satisfação a ninguém. Mas pra mim isso era só fachada, Nana estava carente. Ela queria um abraço. Precisava de roupas novas, sexies, de cavalheiros que lambessem seus pés, pernas e coxas. Obviamente que ela não encontraria isso em mim. Ela não carecia de mais um canalha em sua vida. E homens como eu, não desejam mais que uma simples cama. Disposto a vingar as cicatrizes que Nana carregava fui atrás do malfadado bandido.
Encontrei Ravi largado numa sarjeta, escutando Tayrone Cigano, bêbado e sujo, ostentando um bigode de sopa tal qual o personagem criado por Péricles na década de 50 do passado século. Pediu-me um tostão para tomar uma pinga e chorou como uma menina que tivera sua boneca roubada por uma prima invejosa.
Compadeci-me com a cena, Ravi não era nem de longe o malfeitor que Nana pintara pra mim. Ele lembrava-me muito mais um cachorro caído da mudança que um cachorro ladrão de corações donzelos. Paguei-lhe uma pinga e ouvi suas lamúrias. Ravi era apenas um covarde com medo de compromisso, medo de não está a altura da sua carnal amante.
Levei Ravi até o Bigode’s Sallon onde depois de desgostosos 2 anos ele pode rever sua tão desejada amada Djnane. Esta, instantaneamente chorou ao rever os olhos lacrimosos de seu traiçoeiro amor. Refeita do impacto, Nana jogou fora o velho maço de cigarro, deu seu último gole em sua vodka, correu até os braços de Ravi e deu-lhe a maior bofetada que já presenciara em toda a minha vida. Em seguida beijou-lhe ardentemente a boca e disse: “Agora você é meu”.

Em resumo: virei testemunha do casamento de Djnane e Henrique Ravi.
Algo a dizer: FELICIDADES!!!

Dizem que quem é feliz no amor no jogo é infeliz. Mas quem faz do amor um jogo o que é que se diz

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