domingo, 20 de dezembro de 2009

O QUE DEIXAMOS PRA TRÁS - PARTE 1 ou APERTANDO O RESET



Possivelmente um dos anos mais importante das nossas vidas é justamente o ano que concluímos o Ensino Médio. Eu concluí o meu em 1999, logo, dez anos atrás.
Quando faço uma reflexão da minha vida, imaginando o que eu poderia ter feito pra que ela fosse diferente, remeto-me às escolhas que fiz em 1999.
Primeiramente eu decidi parar de estudar. O vestibular pouca importância tinha para a minha vida, pelo menos era o que queria que todos pensassem. Aprendi com Calvin (das tirinhas de Bill Watterson, Calvin e Haroldo) que a vida é bem mais fácil quando as pessoas não têm grandes expectativas sobre a gente. Porém, por mais que desejemos enganar os outros, não tem como mentir para nós mesmos. E como a vida bebe fortemente da causalidade, nada fica ao acaso. Causa e efeito, Rafael.
Em 1999 eu desisti de estudar, de fazer vestibular, de acreditar em mim, de acreditar nos outros, de me apaixonar, de ser humilde, da minha viagem de encerramento do Ensino Médio, da minha festa de formatura... Eu desisti de tudo.
Hoje, dez anos depois, pago cruelmente por todas essas escolhas. Embora eu tenha feito escolhas que me ferraram a alma depois disso, o ano o qual meu Delorien deveria retornar pra que eu mudasse uma coleção de fracassos era 1999.
Às vezes não percebemos que pequenas coisas são os pontos-chave das nossas vidas. Embora devamos acreditar que temos uma oportunidade de fazer tudo diferente a cada segundo, não é fácil colocar isso na prática. Acho uma grande estupidez quando se nega ao ser humano o direito ao ódio, à mágoa, a autopiedade, dentre outros sentimentos. Ok. Eu admito. Não são sentimentos nobres, mas são natos aos seres humanos.
Quando visualizo a situação de reencontrar meus antigos colegas do colégio, penso, “que porra eu vou dizer a eles? Que cresci e virei um fracassado?
Foi minha escolha não ter feito medicina ou direito, para desgosto de toda uma família e uma gama de amigos íntimos. Mas o pior não foi isso. Depois de 99 me acostumei a não querer correr risco, adotei a filosofia do “foda-se”. Se qualquer situação me incomodasse – foda-se. Se alguém fosse me censurar – foda-se. Eu mandei tudo se fuder. Porém, quem acabou um fudido fui eu.
Não preciso nem dizer que essa filosofia jazeu em minha vida, visto que ela me colocou numa prisão durante dez anos. Será, então, que ao reencontrar meus antigos amigos devo dizer a eles que apertei o botão de “reset” da minha vida após passar os últimos dez anos numa das piores prisões do mundo?
Essa é a verdade. Passei os últimos dez anos numa prisão. Meu crime? Ter desistido de lutar, ter perdido minha luta por WO, ter fracassado por medo de fracassar. Não existe pior prisão que sua mente. Anos de análise e terapia servem para isso. Para que você liberte você de dentro de você mesmo.
Pois bem, amigos. Não sou doutor em nada, não tenho um único centavo, nem tenho nenhum grande feito para contar, a não ser que conquistei algumas vitórias dentre as enxurradas de fracassos. Perdi o medo de me apaixonar e casei com a mulher mais incrível que eu poderia ter (quem me aguentaria se não fosse incrível?); fiz amigos excepcionais, inteligentíssimos e que não estão nem aí e nem perto de chegar para os meus fracassos, ou melhor, estão sempre do meu lado, me ajudando a dar a volta por cima; passei a valorizar mais a minha família, base pra tudo de bom que sou, fui e serei.
É clichê, mas a vida é cíclica, sempre tem um ponto de retorno. Estou nesse ponto. Mais uma vez tenho que correr atrás de tudo. Voltei a ter um corpo nojento, não tenho emprego ou carreira, nem dinheiro suficiente pra comprar um Big Big, mas hoje tenho maturidade pra enxergar a vida de outra forma. Já tive um corpo sarado, tive estabilidade econômica e profissional, mas pior do que não saber perder é não saber ganhar. Agora eu sei, estou aprendendo a ser um gauche melhor.
Sou apenas um idealista, e idealistas são assim, meio estranhos. Mas nunca desistem.

Não diga que a vitória esta perdida. Se é de batalhas que se vive a vida

3 comentários:

Unknown disse...

Como sempre dramático heim! Mas td bem, estou aqui como sempre marcando presença, e sempre estarei aqui, independente de qualquer coisa. Te amo! Bjs!!

AMARela Cavalcanti disse...

tnes o dom da escrita, caro amigo, e isso são poucos que possuem. deves te orgulhar dessa vitória!

Jefferson Góes disse...

Rafael, meu velho, a gente leva lapada que só a porra e por isso a pele vai amaciando.

Alguns clichês que podem nos ajudar em momentos de angústia existencial ou quando estamos apenas borocochô.

1 - Todo dia é um NOVO dia.

2 - O mundo dá muitas voltas.

3 - Se conselho fosse bom...

Cara, te desejo um 2010 como você desejá-lo.


Abração!!!!