Era uma vez...
Não!
Não posso começar a escrever com “once upon a time”. Muito embora James Joyce tenha escrito isso
tempos atrás. Mas não sou nem nunca serei James Joyce.
Sou apenas o protagonista da triste figura, alguém do
submundo marginal das letras e da vida também.
Sou só um cara. Um homem. Ou será que não?
Afinal... “homem não chora”.
Que bobagem!
Nada é tão infantil quanto partilhar desse conceito
estúpido que durante séculos e séculos fora verdade absoluta. Ainda hoje
encontramos portadores de falos congênitos se negando a exprimir seus
sentimentos.
A fluidificação do seu espírito e a metamorfose dos seus
sentimentos e emoções em lágrimas é sem sombra de dúvidas uma das coisas mais
naturais entre os seres humanos.
Já eu...
Eu???
Eu sou pedra!
Tento inutilmente mascarar meus sentimentos muitas vezes,
sobretudo para que não me vejam sofrendo e com isso sofram comigo. Contudo, sou
o amigo do ombro e das lágrimas sempre. Peno ao lado dos que amo,
compartilhando suas dores e tentando extirpar o fardo de seus peitos.
Busco controlar minhas lágrimas, não por preconceitos,
mas por outros motivos particulares. Chorar por tudo é coisa de “emotional hardcore”, os populares emos.
Nunca me classificaria nesse tipo de identidade. Mas me identifico com o
primeiro emo da história, Wade Walker.
Wade Waker, para os desavisados, é o personagem de Johnny
Depp no antológico filme “Cry Baby”, uma comédia musical, sátira do filme Grease.
Waker, ou melhor, Cry Baby, como o personagem era chamado
mais comumente, era o líder dos “quentes” (drapes), apaixonado pela “quadrada” (square)
Allison Vernon-Williams e tinha como principal particularidade o fato de ter
uma lágrima escorrendo pelo seu rosto em várias situações. Isso seria o oposto
do esperado para o líder de uma turma de delinquentes juvenis da década de 1950.
Análises filmográficas a parte (embora eu adore esse
filme), quero apenas deixar registrado que se fosse pra me definir como um
personagem, eu seria o “Bebê chorão”, por deixar que as emoções façam parte da
minha vida e senti-las com todas as intensidades necessárias.
Como um ser humano (a)normal que sou, deixo claro
visíveis contradições em minhas mal-traçadas linhas. Mas isso... Isso é outra
história. Algo pra outro “era uma vez”.
"Cry...baby cry...baby cry"
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