quinta-feira, 4 de setembro de 2008

4 DE SETEMBRO ou PARABÉNS, RAFAEL

Quando você está prestes a fazer aniversário, vive-se um período de extrema mudança, não implicando, no entanto, que essas mudanças serão de altas benesses para você e para os outros. Porém, sente-se que um ciclo da sua vida está se fechando. Antes desse ciclo se fechar vislumbra-se a porta do inferno, o seu diabo interior é jogando à cara, paga-se os pecados com juros incalculáveis, vive-se o conhecido inferno astral. Essa é a minha vida agora. O mais lindo e doce inferno astral. Eu o mais perfeito diabo em Terra. Felicidade plena em Inferno Astral.
Vinte e sete anos passados a limpo. Feliz Aniversário José Rafael Monteiro Pessoa. Parabéns pelas conquistas obtidas. Vamos festejar uma vida de fracassos. Vamos parabenizar sua arrogância, sua boçalidade, seu medo, sua insegurança, seu torpe perfeccionismo, seu egoísmo, seu egocentrismo, suas dores-de-barriga, sua mão no peito... Peito... Coração... Que coração?
Parabéns, Rafa.

Obrigado. Mas eu sei que não mereço tanto. Não por quem sou por dentro. Embora, eu sei que você não tem visão de raios-X. Para os outros sou o que faço. Logo, não sou grandes coisas. Bem, como escrevo pra mim, desabafarei comigo mesmo.

Só queria poder voltar no tempo por um dia. Um único dia. Mas que dia seria esse? Que dia faria mudar todo o curso da minha vida? Qual o momento chave da minha existência mudaria o rumo do meu destino? Será que sei? O fato é que o tempo é algo muito precioso. “Os anos ensinam mais do que os dias jamais saberiam”.

Meu cotidiano passou despercebido por mim. Não dei total valor para mim e para minha vida. Será que pra os que amo eu dei valor? Às vezes careço de um mestre, de alguém que me dê a mão. Mas, um mestre que tive disse-me: “Rafaelzinho, largue essas muletas. Você precisa cair pra aprender a andar, não de muletas”. Ele estava certo. O problema era o de sempre – o medo. Hoje me encontro totalmente só. Não tenho nada nem ninguém. De uma certa forma afastei todos do meu redor. Queria ter ao menos um filho. Alguém que se orgulhasse de mim, que me amasse, me admirasse, que aprendesse comigo a jogar xadrez, a escutar Raul, assistir Star Wars, ler os gibis do Batman e do Incrível Homem Aranha... Alguém que me chamasse de PAI, brincasse comigo atirando “teias” na mãe dele. Alguém que eu ninasse cantando “Não é possível Dom Raulzito. Não é possível Dom Raulzito...”. Pois é meu querido Raulzito, seu pai não pôde ser seu pai, não pôde te ensinar nada, viver ao teu lado seus sorrisos, suas descobertas, suas conquistas, nem chorou contigo os teus fracassos... Você não nasceu meu filho.

Eu sou uma enganação. Não tenho o mínimo de talento. Nunca confiei nele mesmo. Mas... Já fui professor, pesquisador, funcionário, empresário, mas nunca me imaginei fazendo outra coisa a não ser escrevendo. Sou escritor... Sem talento, imaginação, coragem... A coragem existe em tentar, eu sei. Mas tenho medo. Minha inspiração é mundana. A culpa é de Deus. Deus criou as mulheres para compensar o fato de ter criado os homens. Dos homens retirou os poetas e presenteou-lhes com a dor. Onde estão as coisas simples? Você não viu. Acabou de passar do teu lado. Wake-up Neo. Open your eyes Dave. Abra los ojos. Voe… Voe Rafael.

“Os anos se passaram enquanto eu dormia. E quem eu queria bem, me esquecia”.

Se fosse pra voltar no tempo por um dia. Só por um dia. Eu escolheria o dia 28 de março de 2003. Viveria todos os melhores momentos de novo e não erraria por bobos erros bobos. Seria HOMEM... O MELHOR POSSÍVEL.

“Faço longas cartas pra ninguém.”

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