domingo, 24 de agosto de 2008

ONDE ESTOU O QUE FUI? ou AS PALAVRAS DE LOURENÇO

Quando se deve parar de viver para o futuro? Nunca? Sempre? Bem, é meio confuso. Pode ser que nem eu esteja entendo direito a minha própria pergunta. Vou tentar explicar.
A maioria das coisas que fazemos é para garantir um futuro, digamos, estável. É pieguice (falo muito essa palavra) dizer que vivemos num mundo globalizado, sem lugar pra todos e apenas os melhores sobrevivem nessa selva... blá blá blá blá blá blá blá... Isto nos impulsiona a viver em prol do vil metal. Mas onde fica o nosso prazer, a nossa paixão, a nossa ideologia, os nossos sonhos?
Lamento informar amigo, mas se seu sonho é ver um mundo mais justo, mais humano, com menos diferenças sociais, econômicas e educacionais – vá dormir agora e continue sonhando.
Não quero ser seco com minhas palavras. Porém, depois da “crise da razão histórica” é meio (pra não dizer muito) complicado acreditar num mundo melhor. Conheço, como sei que vocês também conhecem, inúmeras pessoas que tentam garantir sua estabilidade financeira através da loteria denominada – Concurso Público. É frustrante passar anos na faculdade, estudando como um louco, gastando pilhas de dinheiro comprando livros, tirando cópias (todo mundo sabe que é ilegal, mas...), perdendo manhãs, tardes, noites e madrugadas estudando... e no final... Bem... no final...

Oi. O que andas fazendo?
– Passei no concurso da Caixa. Só estou esperando ser chamado. E tu?
Bem, eu não fiz esse porque tava estudando pra Polícia Federal? Agente, sabe? Dá mais dinheiro.
– E o mestrado, tais fazendo?
E, cara. Desisti. Arrumei um trabalho e não dava pra conciliar, fora que tem o cursinho pro TRE (Tribunal Regional Eleitoral) do Amapá. É cadastro de reserva, mas pode ser que chamem até 2012.
– Boa sorte, então. Bom te encontrar. Quem sabe a gente não bota nosso papo em dia sobre política e economia como fazíamos nos barzinhos da vida universitária. Eu fazendo Filosofia e você Ciências Sociais. Tinha também aquela galera de História, lembra?
Como não? Como poderia esquecer? Pode ser nostálgico... Mas, como na música... Belos tempos. Velhos dias.




Bem, amigos (Estranho. Isso me fez lembrar o Galvão Bueno), como diria Lourenço (Personagem de Selton Mello no filme “O cheiro do ralo”, adaptação do livro homônimo do cartunista Lourenço Mutarelli) – “A VIDA É DURA”.

Se você acredita que não é bem assim. Que só os fracos desistem dos seus princípios e das suas ideologias (isso existe no plural?)... Bom pra você. Infelizmente, os dirigentes da Companhia de Distribuição de Energia Elétrica, o proprietário do apartamento que moro, a Wallmart e o Abílio Diniz, não aceitarão o meu IdeologiaCard. Embora, ele me dê até 40 anos de reflexão grátis. Depois disso é cobrado uma anuidade de um ano da sua vida, para o resto dela, para você pensar e ver quem é você, ou pelo menos em quê ou quem você se transformou.

Os escravos servirão. Viva a Sociedade Alternativa”.




Um comentário:

Unknown disse...

Sábias são as palavras de Lourenço!