segunda-feira, 16 de março de 2009

CHARLOTTE EM BUSCA DO CÁLICE SAGRADO ou A CULPA É DE QUEM?


Li há poucos dias a entrevista da escritora alemã Charlotte Roche (confesso que desconhecia a sua existência, como tenho certeza de que todos os alemães desconhecem a minha) e fiquei extremamente intrigado. Como imagino que a maioria também não a conheça roub... Ops... Peguei emprestado a descrição que a Revista Época trouxe na semana passada da jovem senhora.

Ela é a antítese da feminista tradicional. Charlotte Roche, de 31 anos, tem uma voz quase infantil e, por pura provocação, veste roupas tradicionais. A escritora que está levando os alemães a ler sobre sexo como nunca não poupa ninguém de sua escatologia. Em Zonas úmidas (Editora Objetiva), romance de estreia que conta as fantasias sexuais da jovem Helen, ela critica as mulheres “limpinhas”, obcecadas por depilação. Helen é uma mulher que sai de casa com calcinha furada e se perfuma com gotinhas do líquido vaginal. O livro da apresentadora de TV que virou celebridade já vendeu 1 milhão de exemplares na Alemanha e chega às livrarias do Brasil nesta semana. Nesta entrevista, Charlotte discute as razões pelas quais é considerada uma 'nova feminista'.”

Tenho algumas amigas feministas, fãs da Heloísa Helena, da Simone Beauvoir, e por aí vai. Mas por que raios alguém se sentiria mal por estar com uma calcinha bonita ou com uma depilação atraente? Não vejo e nem nunca vi nenhuma mulher como um pedaço de carne, mas sou completamente contra o culto a “Beth”. Sei que feiúra muitas vezes é sinônimo de pouca grana. Mas tem muita gente desleixada também. Sei que tem gente que não dá o menor valor pra isso. E se der? Qual o problema? Não suporto pêlos (como diria uma amiga minha – “isso ainda tem acento?”), sou um filho da puta por causa disso? Sou um anti-feminista?

Bem, minha irmã sempre foi minha melhor amiga, nunca tive tendências machistas, homo, nem qualquer outro paradigmático “ismo”. Então, levanto esse tema contraditoriamente por achá-lo bobo. Adoro cheiro de perfume, calcinhas bonitas, sexys (mesmo sabendo que incomoda), depilação (tenho conhecimento de causa, devido a um fase metro) e, sobretudo, MULHER!!!

Gosto é algo bem particular e deve ser respeitado, mas quando há um julgamento da pessoa por algo tão íntimo, acho idiotice. Não estou julgando minha colega famosa, se estiver, perdão Charlotte, a bandeira que levanto é a busca pelos seus valores, ideais e sua felicidade. Concordo que existe uma ode à beleza e a idiotização do ser humano, mas isso é tão antigo quanto a existência das baratas. Remar contra a maré muitas vezes torna o remador no maior dos idiotas, pois na tentativa de ser do contra ele deixa de aproveitar o que ele essencialmente é. Se somos feitos pra viver in natura por que damos tanto valor a nossos pudores, regras, parâmetros...?

Até minha discussão é sem sentido. Mas não podia deixar que criassem um culto para destruir outro. A escolha é uma ilusão. Ideais e pensamentos também. Somos sempre manipulados. Nunca me deixei ser enganado por isso. Espero que você também não se deixe. Mas isso é outro assunto... Muito maior por sinal... Sim, quanto à qualidade da moça como escritora não posso ressaltar, pois seu livro ainda é uma incógnita. Abaixo tem um link da entrevista da neo-feminista.
http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI64004-15228,00-CHARLOTTE+ROCHE+A+DEPILACAO+ESTA+SE+TORNANDO+UMA+LOUCURA.html


Eu sei que eu sou bonita e gostosa. E sei que você me olha e me quer. Eu sou um fera de pele macia. Cuidado, garoto. Eu sou perigosa.”

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