sábado, 21 de março de 2009

DIA DE QUÊ? ou FILHOS DA IDEO-SEPARAÇÃO



Hoje (21/03) comemora-se o Dia Contra a Discriminação Racial e acredito que posso falar um pouco sobre isso. Acho uma tremenda hipocrisia comemorar uma coisa que nunca deveria existir. Mas, assim como o Dia Internacional das Mulheres (08/03), fez-se a necessidade de se instituir um dia para que a humanidade lembre que todo o tipo de segregação e/ou discriminação é o auge da estupidez. Somos biologicamente iguais. Sentimos medo, frio, fome, calor, diarréia, dor, amor, todo tipo de emoção e sensação possível a qualquer ser humano. Somos totalmente iguais, repletos de diferenças psicológicas e culturais. Entretanto, isso apenas viria a acrescentar a vida de todas as sociedades, sejam elas passadas ou vindouras.
O Brasil é o único país que conheço muito bem, desde sua história colonial até o seu presente ideo-separatista. Por que a expressão “ideo-separatista”? Bem, por vários motivos, um deles é o fato de existir na mente da maioria da população um racismo ora velado ora escancarado. Ninguém nasce preconceituoso. Poucas pessoas admitem os preconceitos que alimentam desde que seus pais lhe explicaram que nem todos os homens são iguais. Negro e pobre não são pessoas bem-vindas em nossas famílias. Eles não têm o pedigree necessário para se incorporarem na digna classe de homens civilizados. Desde o período em que escravizar homens de culturas tecnologicamente inferiores era a lei, brancos europeus e seus ditos descendentes acreditam que negros, índios e asiáticos são biológica e etnicamente inferiores aos padrões erroneamente batizados de arianos.
Na tentativa de corrigir alguns dos erros históricos promulgou-se há alguns anos uma legislação que tenta minimizar as diferenças de oportunidade que a sociedade brasileira apresenta desde o fim da escravidão em 13 de maio de 1888. Porém, esta (a meus olhos) é feita de forma equivocada. Julgo de tremenda estupidez o regime de cotas para não-brancos nas universidades, por exemplo. Sei que alguns dos meus AMIGOS NEGROS podem querer me crucificar por isso. Mas os conheci numa universidade federal, onde eram grandes alunos, com excelentes pontos de vista, notas altas e, originários de escola pública. Eles não precisaram de nenhuma cota para entrar na universidade seja por cor/raça ou escola.
Em minha certidão de nascimento indica que nasci de cor branca, filhos de pais brancos, neto de uma loira e três pardos, bisneto de um português e uma italiana. Mas tudo isso é balela. Reconheço-me apenas como mais um brasileiro de cútis morena, fruto da gostosa miscigenação latina, diferenciando-nos apenas pela concentração de melanina.
O governo se exime da responsabilidade de proporcionar uma educação de qualidade e cria a política de cotas e a sociedade finge que não é racista por apoiar tais políticas. Embora a faz unicamente por prudência mundana.
Raça, bem como identidade, é um assunto bem delicado de se tratar. Contudo, as pessoas não podem ser julgadas por outras por sua concentração de melanina. Poupem-me meus queridos. Vão estudar um pouquinho de Filosofia, História, Biologia, antes de partirem para o Direito para ver que o que diferencia o sul-africano Nelson Mandela da sul-africana Charlize Theron é muito pouco, algo que não é preciso recriminar nem discriminar.
O filme Ó Pai Ó, que por muito tempo foi discriminado por mim (perdoem-me pela ignorância), apresenta cenas antológicas, principalmente o diálogo cheio de emoção dos personagens Boca (Wagner Moura) e Roque (Lázaro Ramos), deixando no público uma sensação de perplexidade, haja vista a entonação das falas e ao fato de sabermos que os atores são amigos de grau de irmandade. Grande atuação e texto louvável. Assistam à cena é incrível. Vale muito à pena, o que não vale é perder tempo achando que somos diferentes uns dos outros.





Branco se você soubesse o valor que o preto tem. Tu tomava banho de piche e ficava preto também.”

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