domingo, 8 de março de 2009

LENDAS DO RECIFE: CHANTECLAIR ou ASSOMBRAÇÕES DO RECIFE NOVO



Na edição deste domingo (08/03/2009) o Jornal do Commercio noticiou na seção “cidades” uma matéria com o seguinte título: “Chanteclair de volta à cena: As obras de recuperação do prédio, onde vai funcionar um café concerto e um complexo de cinemas, foram retomadas e devem ser concluídas em 14 meses”, levando-me a fazer um questionamento que perturba a mente e o coração de todos que amam o Recife e sua tão enaltecida história – Será que realmente concluirão a obra no Chanteclair?
Embora o Chanteclair tenha parado de funcionar no início dos anos 80 sua restauração só foi iniciada no ano 2000. Ano esse em que o bar Gambrinus, que já abrigou a nata da boemia e da intelectualidade, foi obrigado a fechar a porta. O último proprietário do bar, Fernando Ribeiro Pereira, esperava a restauração para reabrir o bar desde essa época.
Não foi apenas uma vez que a imprensa noticiou que iriam concluir a obra no prédio que um dia já foi cheio de vida. É sabido que há alguns anos o Chanteclair gozava do convênio com o Monumeta-BID (falava-se em R$ 7 milhões de reais na época), algo que inclusive foi divulgado no próprio site do Ministério da Cultura como uma experiência bem sucedida, transformando o antigo monumento num maravilhoso espaço cultural, tal qual intentam fazer desde antiga data até agora. A notícia infelizmente não está mais no ar para ser comprovada.
Em 2007 o prédio foi desapropriado pela Prefeitura do Recife, visando garantir a sua preservação como um patrimônio histórico. No dia 16 de novembro daquele ano a Prefeitura do Recife disse em nota enviada pela sua assessoria que: “A desapropriação visa garantir ao município a possibilidade de realizar o trabalho de restauração e recuperação da estrutura, da fachada e da coberta do Chanteclair. A Prefeitura do Recife irá concluir o serviço inicialmente gerenciado pela iniciativa privada, paralisado em 2004. O repasse dos recursos necessários para a realização das obras está garantido pelo Monumenta/BID”. Contudo, segundo a arquiteta do Paço Alfândega (JC de 08/03), Cristina Pontual, o contrato com o Monumenta não foi renovado, ou seja, o que estava garantido em 2007 não está mais. E pior, o que já foi feito terá que ser refeito, pois devido à paralisação das atividades houve desgaste do que já foi reformado no prédio de propriedade da Santa Casa da Misericórdia.
Como um historiador e grande amante do Recife espero que a notícia do dia 08/03/2009 não seja igual a do dia 29/11/2001, onde o JC noticiava o seguinte: "Contrato com Unibanco viabiliza o Chanteclair: O novo espaço cultural será inaugurado em um ano contando com oito cinemas, sete deles destinados apenas a exibição de filmes independentes. Além de cafeteria, livraria, café concerto e ambiente para exposições."
A matéria é linda e deveria ser novamente divulgada, pois encheria de ânimo até os mais nostálgicos do Recife, mas retrata uma utopia que hoje, mais de sete anos depois, continua sendo uma fantasia.






"Eu não preciso ler jornais, mentir sozinho eu sou capaz."

Um comentário:

Reny disse...

O Chantecler é de fato uma das lendas dessa cidade.